quinta-feira, outubro 05, 2006

Não assisto a novelas

Desde pequeno, não gosto das novelas que a TV exibe. Inicialmente, como sempre fui fã de futebol, elas eram as maiores adversárias para tentar convencer minha mãe a deixar assistir às partidas que eram mostradas por outro canal, geralmente no mesmo horário. Por causa disso, muitos jogos do Santos só vi o segundo tempo. Depois, já nos anos 90, vivendo a adolescência, com opinião crítica florescendo e também contagiado pela pregação do rap nacional, não concordava com o mundo cor-de-rosa que elas apresentavam. Onde pobre tinha empregada, negros eram vistos como raça inferior, ser rico é a melhor coisa que poderia existir e outras mentiras que a população sempre aceitou bem. Agora, ao se aproximar dos 30 anos, ainda não engulo o que elas passam. Hoje, é normal está mal no casamento e trair; violência doméstica é rotina; o sexo antes do casamento é muito bem aceito; a vingança é algo corriqueiro; roubar com uma causa justa não é tão mal assim, afinal vale tudo por dinheiro! A justificativa é que essa é a realidade nacional e que não pode ser escondida. Mas será só isso?
O pior é que o próprio público quem pede esses temas. Numa entrevista à Folha de S. Paulo, em 24 de setembro, Manoel Carlos, um dos mais conceituados autores de novelas do país, revela que ser vilão está na moda e que são os telespectadores que exigem o pior: “Do mocinho ninguém gosta. Faço cenas de amor e as pessoas reclamam: “Os caras só se beijam”. Quando faço mocinha (...) tenho que colocar um comportamento de vilã. Ela agride a mãe violentamente. É dura, e o público gosta. Nas brigas com a mãe, o ibope vai lá em cima”. Parece inacreditável, mas isto é real.
Num país onde a TV é, para muitos, o pai, o professor e geralmente, o único modelo de ‘conduta ética’, não é hora de se rever o que está sendo mostrado nos programas populares? Não estou falando de censura, mas sim, em bom senso, compromisso de formar pessoas críticas e cidadãs. Com certeza, estes seriam bons assuntos para serem apresentados a um país onde a violência e o desemprego fazem parte da dura rotina de uma parcela, cada vez maior, de brasileiros. Será que a grande quantidade de jovens grávidas, apontadas pelas estatísticas, não tem relação direta com as atitudes promíscuas da estrela de novela, que a cada semana, está com um namorado novo e volta e meia se vê envolvida em polêmicas porque foi flagrada em situações constrangedoras? Claro que a TV e as novelas não são as culpadas por todos os males brasileiros, mas sem dúvida exercem um papel fundamental na difusão de valores que vão formar a sociedade.
Não quero ser um defensor da moral e dos bons costumes, mas como jornalista e principalmente cristão, tenho alguns compromissos sociais. Primeiro, jamais “posso me conformar com esse mundo”, mas lutar para “transformá-lo através da renovação do entendimento” para que todos “sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”. Já como profissional de imprensa, tenho o dever de ajudar a construir uma nação justa e igualitária.
Do jeito que as coisas estão, ficarei muito preocupado em deixar um filho, que aliás já está a caminho, passar alguns momentos em frente a TV. Só estou utilizando o exemplo das novelas, que assim como o futebol, são programas populares, mas os problemas não estão só na dramaturgia, mas nos desenhos e até nos noticiários.
Onde foram parar a paz, a fraternidade e o amor ao próximo, valores que deveriam estar em evidência numa época de guerras, tragédias, violência em alta e de denúncias sucessivas de corrupção? Infelizmente, se tornaram belas palavras, lembradas em algumas datas ... Este é o princípio das dores (Mateus 24).

Fiquem na paz de Cristo!

Um comentário:

jeova shammah disse...

Muito bom esse artigo sobre a tv Brasileira, mas eu fico me perguntando. Como levar uma informação importante dessa a população? Como concientizar as pessoas sobre a droga que é as telenovelas e a maioria dos programas de TV? Será que as pessoas não observam que tais coisas só querem indusí-las a fazerem coisas erradas e destorrecer a inerrante palavra de Deus?