domingo, outubro 26, 2008

A Salvação de Maria

Maria Aparecida nasceu em uma região pobre de Minas Gerais. Por causa da morte do pai, ela acabou sendo internada num convento. Até desejou tornar-se freira, mas por causa do racismo, o sonho foi frustrado. Mudou-se para São Paulo, acabou agredida por uma ex-patroa. Para sobreviver, ao lado da mãe, trabalhou como doméstica. Mesmo conhecendo os companheiros e pais de seus quatro filhos, carregava um vazio dentro do peito que a incomodava.
Por mais que tentasse, nunca encontrou a resposta. Buscou alternativas na igreja que lhe rejeitou, tentou a umbanda e o espiritismo kadercista, mas nada aconteceu. A história de Maria só começou a mudar quando descobriu que a palavra de Deus era o sentido para nortear sua vida. O primeiro sinal de que era este o caminho, surgiu quando freqüentava a igreja Matriz de São Vicente. Na época, um padre, adepto da renovação carismática, implantou a visão que tentou revolucionar o jeito católico de viver o cristianismo. “Eu me sentia melhor”, revela.
Com a saída do sacerdote, a chama de Maria esfriou. Tentou a mesa branca, mas não era o que procurava. Quando aceitou um dos vários convites de uma amiga para visitar uma igreja evangélica, os sinais da mudança surgiram. Mesmo não entendendo muito bem o culto, Maria, pela primeira vez, teve a certeza de que Deus falava com ela: “Por ter ouvido e obedecido ao meu chamado, naquele momento, o Senhor tirava da sepultura um ente querido”, disse um profeta. Além do vazio, o envolvimento do neto com a criminalidade, era a maior das preocupações.
E tudo aconteceu como o profeta dissera: “Quando voltávamos para casa, uma viatura, em alta velocidade, veio em nossa direção e só não nos atropelou, porque nos jogamos no chão. Assim que dobrou a esquina, escutamos três tiros”. Apesar de sua filha gritar o nome do neto, Maria sentia que nada havia acontecido. Conversando com as testemunhas, descobriu que ‘o menino’ escapou à perseguição policial. “Um vizinho me disse que o meu neto voava, parecia que estava sendo suspendido pelos braços, como se alguém o carregasse”.
O milagre não resolveu todos os seus problemas e Maria adoeceu. Depressiva, passou a tomar remédios e fazer acompanhamento psiquiátrico. Durante as crises caminhava sem rumo, as netas a resgatavam e nunca conseguia se lembrar de nada. A virada ocorreu durante uma das andanças. Sentiu-se mal em frente de um templo evangélico. Recebeu auxilio e conforto, começou a freqüentar os cultos, aprendeu sobre a Bíblia, salvação, quem era Jesus Cristo. Mas não ficou muito tempo. Como a filha e uma amiga passaram a freqüentar a igreja do Ministério Peniel, no Quarentenário, em São Vicente(SP), Maria acompanhou.
Aos poucos cresceu na fé, conheceu o amor de Cristo, envolveu-se com o Espírito Santo e assistiu o agir de Deus entre a família. As filhas Yara e Elaine passaram a freqüentar a igreja e, em dezembro, Maria, junto com a caçula Amanda, desceu as águas na praia do Gonzaguinha. Hoje, ela tem a convicção de que o Senhor está reescrevendo a história de pessoas que estavam perdidas, unindo laços que pareciam que jamais seriam ligados. O neto problemático, encontrou a salvação num ambiente onde muitos são derrotados. Mesmo preso, ele conheceu o poder de Deus e integra o exército de Cristo. Porém, para a satisfação de Maria ficar completa, ela ora para que o seu único filho homem tenha a mesma oportunidade. “Antes de ser meu, ele é filho de Deus”.
Embora nem tudo esteja resolvido, não há como comparar aos tempos de desespero. Desta vez, Maria sabe de onde virá o socorro. Depois que conheceu ao Senhor, os dias deixaram de ser monótonos, a vida passou a ter uma explicação. Deus se tornou tão presente em seu cotidiano que não consegue mais esquecê-lo. Diariamente, agradece a chance de, aos 60 anos, poder viver com esperança e de descobrir que ‘Jesus a ama’, acima de tudo. Um imenso banner, afixado logo na entrada da igreja, com fotos suas, da filha Amanda e dos irmãos, durante o ‘Batismo dos Mil’, representam, além da felicidade pela conquista num dia de verão, o momento da ruptura. Naquela manhã, o passado sombrio e sem sentido conheceu o ponto final e um futuro, iluminado pela luz de Jesus Cristo, foi inaugurado com as cores vivas e brilhantes que somente as novas criaturas possuem. “A minha vida tem sido uma benção”. Glória a Deus!