quarta-feira, agosto 02, 2006

O pastor, o deputado e o jornalismo

Amarildo polêmica e investigação da CPI
Recentemente o deputado federal pastor Amarildo (PSC- TO) resolveu colocar a mão num vespeiro. Ele apresentou o projeto de lei 79/2004 que trata da polêmica regulamentação da profissão de jornalista. Caso fosse aprovado, a profissão passaria ater 23 funções 12 a mais das 11 existentes hoje. De acordo com a nova proposta, que estava engavetada há quatro anos, todos os profissionais que atuam nos órgãos de imprensa precisam ter diploma universitário. Dessa forma, profissionais como fotógrafos, cartunistas e até comentaristas esportivos, precisariam ser jornalistas formados para poderem exercer suas atividades. A decisão acabou gerando bastante polêmica, pois inicialmente desempregaria muita gente que ocupa postos em veículos de comunicação de todo o país .
Diferente do que possa parecer, a idéia não foi baseada em pesquisas ou feita a pedido de alguma entidade de classe, mas, conforme o parlamentar, de iniciativa própria de Amarildo, que não tem nenhuma ligação com a imprensa e teve o nome incluído nas listas dos deputados envolvidos com a compra de ambulâncias investigada pela CPI das Sanguessugas.
Como não poderia ser diferente, a intromissão acabou gerando várias reações. A ABI (Associação Brasileira de Imprensa) se mostrou contrária ao projeto. Numa nota oficial, divulgada na última terça-feira, a entidade expôs total repudio e pediu, de forma inflamada, o veto do presidente da República. Entre outras coisas, diz a ABI que a proposta contém disposições absurdas, como a de criação da figura do Comentarista, que teria de sair de uma faculdade de Comunicação com saber enciclopédico. Além da entidade, a Associação Nacional de Jornais-ANJ, a Associação Nacional de Editores de Revistas-Aner e o Conselho Federal de Relações Públicas-Conferp se mostraram contrárias à proposta.
Guto Camargo, presidente do Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo, chegou a dizer que o esforço dos donos de veículos de comunicação é "atacar o princípio de regulamentação profissional da classe", já que o projeto tem como objetivo fazer a atualização das funções jornalísticas, que aumentaram desde 1969, quando foi publicado o decreto lei que versa sobre a profissão."As empresas não estão debatendo as adequações que devem ser feitas, mas estão desqualificando o projeto. O objetivo é desregulamentar a profissão. Começou com a história [da falta de obrigatoriedade] do diploma"
"Estão arrumando uma desculpa esfarrapada. O governo não tem coragem de peitar a mídia", diz Sergio Murillo de Andrade, presidente da Federação Nacional dos Jornalistas. Se o jornalismo terá uma nova cara agora só depende do Presidente Lula que pode vetar ou aprovar o projeto.